A conjuntivite avança com tanta velocidade em Minas que, em menos de um mês, o número de cidades com surtos cresceu cinco vezes. Até o momento, 222 municípios registraram um salto expressivo dos casos. Em março eram 41, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).
Não há como apontar um motivo para o aumento, mas dentre as hipóteses está o fato de as prefeituras estarem preocupadas com a situação e mais atentas à notificação, que não é compulsória. O Estado reforça que a doença é sazonal e os dados podem variar a cada ano.
BH teve a maior incidência, com 321 surtos até ontem. Há um mês, eram apenas dois. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a doença já fez 7.440 vítimas, considerando apenas quem passou pelos centros de saúde da prefeitura. É a pior situação dos últimos dez anos.
A pior situação em BH, é na regional Pampulha, onde já foram registrados 107 surtos neste ano
Causas
Típica de períodos quentes e úmidos, a conjuntivite também pode ter sido contraída por mais pessoas devido ao forte calor e às chuvas intensas dos últimos meses. “Com isso, as pessoas ficam em locais fechados. Em áreas de pouca ventilação, a transmissão tende a ser maior”, explica o coordenador médico da Clínica de Olhos da Santa Casa, Wagner Batista.
Para a oftalmologista Ariadna Borges Muniz, que também é diretora da Fundação Hilton Rocha, na região Centro-Sul da capital, a situação é ainda mais grave do que os números sugerem. Ela lembra que várias pessoas não buscam atendimento médico. “Às vezes, quando mais de uma pessoa é acometida pela doença na mesma casa, todos usam a medicação anterior sem consultar o médico”.
Ariadna Muniz reforça o coro de que o número de surtos pode ter relação com a maior notificação. “Como a doença começou a se espalhar, a própria secretaria tem exigido mais esses dados e os municípios têm repassado”.
Alerta
Para a diretora de promoção à saúde e vigilância epidemiológica da SMS, Lúcia Paixão, o esperado é que o contágio comece a cair nos próximos meses, mas o alerta continua. “Precisamos que as pessoas evitem compartilhar toalhas, fronhas, lavem bem as mãos e evitem coçar os olhos. São medidas simples, mas essenciais”.
Segundo a SES, desde que os surtos começaram a ser comunicados, o Estado encaminhou nota técnica para as regionais de saúde alertando e repassando orientações e a necessidade das notificações. Além disso, apesar do crescimento, a pasta informou que os dados já teriam apresentado redução nos últimos dias.