Existe época ideal para retirar a mamada da noite?
Filhos não vêm com manual de instruções e quando bebês, principalmente, despertam muitas dúvidas nas mães. A amamentação, principalmente a noturna, é um dos tópicos que mais gera discordância entre as próprias mães, e até mesmo entre pediatras.
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Pediatra orienta que os bebês mamem em livre demanda, ou seja, a mãe deve oferecer o peito sempre que a criança pedir
Recém-nascidos costumam mamar em pequenos intervalos. “No primeiro mês de vida do bebê, esses intervalos são bem irregulares. Não tem horário pré-estabelecido para a amamentação”, esclarece a pediatra Maria José Guardia Mattar, do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Segundo Jorge Huberman, pediatra e neonatalogista, aos poucos os bebês vão fazendo seu próprio horário, mas o ideal é deixar que mamem em livre demanda – ou seja, sempre amamentar quando o bebê pedir. A única ressalva fica por conta do intervalo entre as mamadas, que não deve passar de quatro horas durante o dia. Caso a criança seja prematura ou que não esteja ganhando muito peso, os intervalos devem ser ainda menores, de acordo com a orientação do pediatra.
Além de garantir a nutrição adequada do bebê, a amamentação regular também favorece a produção do leite materno. Se o intervalo nos primeiros meses for maior do que quatro horas, a produção do alimento pode diminuir.
“Se o bebê não mama e o leite fica parado, é mandada a mensagem para o cérebro de que não é preciso mais produzir o alimento. Isso pode causar a diminuição do volume que o corpo produz de leite”, explica Maria José.
Mamada noturna
Mas se na amamentação diurna há consenso, a mamada da noite não é unanimidade. Mães, e até mesmo médicos, dificilmente entram em acordo sobre a real necessidade de acordar uma criança saudável para mamar durante a noite.
Por um lado, a percepção de que o bebê que dorme direto está bem alimentado e não sente fome. De outro, a insegurança de deixar um ser tão pequeno sem alimento por tantas horas.
Jorge Huberman afirma que bebê que se desenvolve de forma saudável não precisa ser acordado para se alimentar caso durma por mais de quatro horas seguidas: “Aos poucos, a criança encontra o ritmo dela. Algumas acordam a cada 3 horas e outras a cada 5 horas”.
Segundo o pediatra, o bebê que estiver sentindo fome ou não estiver se sentindo satisfeito irá acordar naturalmente. “Se a criança tem uma boa evolução no peso, orienta-se que tenha amamentação de acordo com a demanda dele”, afirma.
Já o pediatra Vinicius Isaac Pires é categórico: “Até o sexto mês de vida os bebês têm que ser acordado em até no máximo 4 horas”. O profissional alerta que se o bebê não for amamentado neste período, o nível de glicemia da criança pode cair, e a hipoglicemia poderia deixá-la ainda mais sonolenta.
Alguns sinais podem indicar que o bebê está com hipoglicemia, como muita sonolência e não responder a estímulos. Se não tem força para mamar e está suando muito, também pode ser um sinal de baixa glicemia, de acordo com Vinícius. Ele indica que ao perceber tais sinais, a mãe tente amamentar a criança e, se não surtir efeito, leve ao hospital: “Em casos extremos, a criança pode até convulsionar”.
Vinícius também dá uma dica para não atrapalhar o sono da criança na amamentação noturna: “Não precisa necessariamente acordá-lo. Por instinto, o bebê suga. Pode até deixar a luz apagada se for de noite”.