
Atividades de alto impacto, como corrida, judô, basquete, dança e algumas aulas de academia, como jump, em que alunos pulam em um mini-trampolim, quando realizadas de forma intensa e com grande frequência – podem favorecer o aparecimento de algumas condições indesejadas, como a incontinência urinária e, em menor escala, o prolapso genital.
Estudos recentes mostram números expressivos sobre esta realidade: em Portugal, pesquisa realizada com 233 atletas da Universidade do Porto mostrou que 29% delas apresentam incontinência urinária. Já na França, no Laboratory of Functional Exploration of the Nervous System, estudo semelhante com atletas colegiais demonstrou que, entre as esportistas, 28% apresentavam algum grau de perda de urina, contra 9,8% do grupo controle.
“Algumas atividades físicas podem sobrecarregar o assoalho pélvico – grupo de músculos que sustenta a parte baixa do abdômen – aumentando o risco de incontinência urinária e também de prolapso genital – queda da parede da vagina causada pelo deslocamento dos órgãos pélvicos”, explica a ginecologista e especialista em incontinência urinária e prolapso genital, Andreia Mariane de Deus, do Hospital Evangélico de Sorocaba (SP).
De acordo com a especialista, muitos atletas se acostumam com a perda da urina e o desconforto na região genital, sem procurar ajuda. “Não é normal mesmo em estágio leve, pois a incontinência urinária e o prolapso genital estão associados à perda considerável de qualidade de vida, piora na autoestima e levar inclusive à depressão. Muitas pessoas param de se exercitar em consequência do problema”, explica Andreia. “É preciso estar atento aos sintomas e consultar um médico. Já existem técnicas bem avançadas para tratar as duas doenças”, afirma.
Dados da Sociedade Brasileira de Urologia mostram que a incontinência urinária atinge 10 milhões de brasileiros, sendo duas vezes mais comum no sexo feminino em qualquer idade. Já o prolapso genital – doença que causa a queda da parede vaginal, devido ao enfraquecimento dos músculos da região e ao deslocamento de órgão pélvicos – é mais comum do que se imagina: cerca de 20% das mulheres com mais de 40 anos vão ter algum grau de prolapso genital na vida.
Tratamentos: prolapso e incontinência urinaria
De acordo com a ginecologista, exercícios e fisioterapia, geralmente recomendados para tratamento da incontinência urinária e também do prolapso genital leve podem não ser tão eficazes em esportistas.
“No caso da incontinência urinária de esforço, a aplicação de malhas e ‘sling’ cirúrgico apresentam uma eficácia superior a 90%. Graças aos avanços da última década, estes tipos de cirurgias podem, em certos casos, ser feitas sob anestesia local e em regime de ambulatório. Para o prolapso genital, as telas para recuperação do assoalho pélvico representam um dos melhores tratamentos nos casos de prolapso genital grave”, explica a médica.
Para a especialista, a boa notícia é que os procedimentos estão cada vez menos invasivos. “Já temos tecnologias no Brasil com apenas uma micro incisão, restaurando a anatomia do corpo e melhorando a vida tanto para a incontinência urinária quanto para prolapso genital”, explica a médica.
Fonte: (Diário do Brejo)