No Brasil, país com um dos maiores índices de cesáreas do mundo, os partos normais voltam a ganhar espaço. E Belo Horizonte segue a tendência nacional.

Em 2016, as redes pública e privada realizaram 22.255 cesarianas. É o menor número dos últimos seis anos e revela uma queda de 7% em relação a 2015, quando foram efetivadas 23.988 cirurgias.

Segundo a Secretaria de Saúde da capital, a quantidade de mulheres que passam por partos normais é superior ao de mães que têm seus filhos por cesarianas. No ano passado, 27.093 partos normais foram efetivados, o que representa 54,9% dos 49.348 ocorridos nos 12 meses. 

Realidade

De acordo com dados divulgados nessa sexta-feira pelo Ministério da Saúde, pela primeira vez desde 2010, a participação das cesárias caiu no Brasil.

Dos 3 milhões de partos, 55,5% foram cesáreas e 44,5% normais em 2015, dado mais atualizado do ministério. Em 2014, a relação era de 57,07% para 42,93%. 

Para o coordenador da residência médica em ginecologia e obstetrícia do Hospital Sofia Feldman, Edson Borges de Souza, a mudança tem ligação com um trabalho de conscientização feito, principalmente, em maternidades que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

O próprio Ministério da Saúde acaba de lançar o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas para cesariana trazendo novos parâmetros a serem seguidos na rede de saúde. O objetivo é evitar intervenções cirúrgicas desnecessárias. 

“Existe um trabalho muito relevante no sentido de mostrar os benefícios do parto normal”, afirma. 

E não são poucos. O parto vaginal apresenta menos riscos de complicações para a criança e para a mãe, como as infecções, os problemas respiratórios no bebê, dentre outros. Até as chances de morte do recém-nascido são menores. 

Demanda

Conforme a doula Aline Teixeira, que participa de um grupo de apoio a gestantes, é crescente a procura por partos domiciliares em BH. Ela explica que a opção deve vir acompanhada de muito estudo e preparo por parte das futuras mães.

“Existe uma visão social de que a dor do parto é desnecessária. Mas o parto humanizado é mais que isso e representa o protagonismo da mulher”, defende. 

A possibilidade de humanizar o nascimento do filho foi o que levou a fonoaudióloga Iana Maciel, de 37 anos, a ter dois partos em casa. Há dois anos, teve Miguel que, há cinco meses, pôde acompanhar a vinda da irmã Beatriz da mesma forma.

“É uma opção que precisamos bancar porque as pessoas não entendem essa escolha. Mas não me arrependo”, conta. 

Além Disso

Em Minas Gerais, nasceram 171.138 crianças na rede pública em 2016, segundo Secretaria de Estado de Saúde. Desse total, 94.562 foram partos normais e outros 76.576, cesariana. É o menor número de cesárias feitas no Estado desde 2010. 

Maternidade agoniza

Enquanto há todo um incentivo para realização de partos normais e mais humanizados, a maior maternidade do país em números de partos, Sofia Feldman, vive grave crise financeira e aguarda liberação de recursos para manter o atendimento.

Como vem mostrando o Hoje em Dia, o hospital necessita de, pelo menos, mais R$ 1 milhão em repasses mensais para manter a estrutura que atende grávidas de alto risco de 300 cidades mineiras. São 1.000 partos mensais feitos na instituição.

 

 

 

 

 

 

Fonte: (Hoje em Dia)