Exames oculares de rotina podem ajudar a identificar um mal que atinge milhões de pessoas em todo o mundo: o glaucoma. Silenciosa e agressiva, a doença afeta os olhos, não tem cura e pode levar à cegueira. Porém, muitos pacientes só descobrem a enfermidade já na fase aguda, após sentirem muita dor e náuseas.

Uma campanha para conscientizar a população sobre a necessidade de testes periódicos foi feita em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Glaucoma. A enfermidade é a terceira maior causa de perda de visão irreversível no país.

Em Minas, só neste ano, 16 mil pacientes foram diagnosticados com a doença, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES). O número, no entanto, pode ser maior. A notificação da patologia não é obrigatória.

A enfermidade é causada por lesão do nervo óptico, por conta da alta pressão ocular. Sem tratamento, o campo visual do doente sofre profundas alterações.

No Brasil, estima-se que 3% da população acima de 40 anos tenha glaucoma, segundo levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia; na maioria dos casos, a doença atinge os dois olhos

Atenção redobrada

A importância do diagnóstico precoce do glaucoma e dos cuidados adequados é reforçada pela oftalmologista Ariadna Borges Muniz, diretora da Fundação Hilton Rocha, na região Centro-Sul da capital mineira.

“Os exames de rotina são muito importantes, principalmente para quem faz parte de algum grupo de risco. O tratamento deve ser iniciado imediatamente após o diagnóstico da doença, pois só assim é possível alcançar os melhores resultados e garantir uma boa qualidade de vida para o paciente”, diz a especialista.

Dentre as pessoas que precisam redobrar a atenção estão as que têm caso de glaucoma na família, miopia, lesões oculares e doenças como diabetes. Homens são mais propensos a desenvolverem a enfermidade. Apesar de a incidência ser maior entre adultos, também podem ser afetados os jovens e as crianças.

Tratamento

Confirmada a doença ocular, o tratamento é feito com o uso diário – e para o resto da vida – de colírios que controlam a pressão intraocular. Conforme Ariadna Muniz, um único tipo de remédio geralmente é suficiente para cuidar da visão. 

Porém, quando apenas o uso tópico não representa melhora, é feito um procedimento a laser. Já nos casos graves da enfermidade, a indicação é cirúrgica.

Saiba mais sobre o glaucoma:

O que é?
Doença ocular crônica, causada por alta pressão, capaz de provocar cegueira. Não tem cura. Com tratamento adequado e contínuo, é possível controlar o avanço e evitar a perda da visão.

Qual é a pressão intraocular normal e a ideal?
A ideal nos olhos é entre 10 e 21,5 mmHg (milímetros de mercúrio). Exames devem ser feitos quando ela for maior que isso.

A pressão intraocular tem relação com a pressão arterial?
Não há relação direta entre pessoas que têm alta pressão arterial com o glaucoma. 

Todas as pessoas podem ter glaucoma?
Sim. Porém, a doença é mais comum em negros, parentes de portadores de glaucoma, idosos, portadores de alta miopia e diabéticos.

Qual a idade ideal para começar a fazer os exames preventivos de glaucoma?
A prevenção deve ser iniciada desde o nascimento, especialmente em famílias com casos anteriores. Quanto mais cedo for dado o diagnóstico, maiores serão as chances de se evitar a cegueira.

Qual o intervalo ideal entre consultas para o controle do glaucoma?
O acompanhamento é individualizado e depende das especificidades de cada paciente, da agressividade da doença e da evolução de cada quadro.

Como funcionam os medicamentos usados no glaucoma?
Os colírios diminuem a produção ou aumentam a drenagem do líquido que circula dentro do olho, chamado humor aquoso, com a finalidade de baixar a pressão intraocular.

Ficar muito tempo diante do computador ou da TV e ler são atividades que prejudicam o glaucoma?
Não. O uso de celular, computador e televisão e a leitura não afetam a evolução da doença.

O portador de glaucoma pode praticar qualquer tipo de esporte?
O paciente precisa conversar sobre isso com o seu oftalmologista. Exercícios físicos podem variar a pressão intraocular e alguns tipos de esportes beneficiam o tratamento.

 

 

 

 

Fonte: (Conselho Brasileiro de Oftalmologia0